
Cenário pede olhar mais atento aos custos na empresa
O índice de inflação, a guerra na Europa e os preços de equipamentos e insumos são alguns dos itens que exigem atenção da indústria da construção nos meses iniciais de 2022. A instabilidade nos cenários nacional e internacional faz com que os gestores tenham que cuidar de forma rigorosa dos custos da empresa.
Especialistas ainda apontam uma peculiaridade do segmento: a formação de preço das obras de construção civil gera maior risco que em outras áreas, pois a decisão se baseia em estimativas. Insumos, suporte técnico e equipamentos para produção apresentam variações ao longo de uma obra, o que pode afetar o resultado final.
No setor, o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), variou 0,48% em fevereiro. Em janeiro, tinha ficado em 0,64%.
Em 12 meses, a alta do INCC atingiu 13,04%, ante 10,18% no período anual anterior – até fevereiro do ano passado. O índice de confiança do empresário da construção apresentou leve melhora no ano passado.
Insumo mais caro
A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) estima que os insumos em 2020 e 2021 tiveram a maior elevação desde 1997, quando do início da pesquisa. Entre janeiro de 2020 e janeiro de 2022, o custo com materiais e equipamentos subiu 50,04%.
A pandemia impactou negativamente os bons negócios ocorridos ao longo dos últimos 2 anos. Desorganização das cadeias produtivas globais, incertezas do câmbio e o aumento do preço de commodities foram os fatores que puniram o setor.
Esse ano, o fim das obras em andamento preocupa os empresários. A eleição é outro elemento que gera dúvidas.
Em janeiro último, os insumos que mais contribuíram para a elevação do custo foram: elevador, massa de concreto, argamassa, cimento e metais para instalações hidráulicas.
Já a lista de vilões do período de pandemia inclui:
. os vergalhões e arames de aço ao carbono (alta de 89,69%);
. elevador (38,79%);
os tubos e conexões de ferro e aço (95,7%);
. os tubos e conexões de PVC (88,32%);
. a argamassa (43,86%);
. e os metais para instalações hidráulicas (37,44%).
No ano passado, a indústria paulista viu os preços do óleo diesel e lubrificantes subirem perto de 65%. Há o temor que essa alta se acentue, diante das incertezas trazidas pela guerra entre Rússia e Ucrânia.
Inflação pode enganar
A inflação é outro fator a ser combatido. O IPCA do ano passado, considerado a taxa oficial, ficou em 10,06%. O governo previa meta perto de 5,5%, mas especialistas já sinalizavam que o ano terminaria perto dos 10 pontos percentuais na inflação.
O resultado afeta projetos das famílias, como a habitação. Ao mesmo tempo, o balanço das empresas, em 2021, traz números que, muitas vezes, são fruto da elevação inflacionária, e não de ganhos reais no capital investido.
Negociações salariais
O SINCAF tem acompanhado, por exemplo, a questão das negociações salariais, já que a mão-de-obra representa outra fatia importante nessa conta. As primeiras negociações do ano envolvendo parte dos trabalhadores de oito segmentos da construção de Limeira terão início em breve.
Energia elétrica
Os empresários também devem trabalhar com medidas pontuais. A energia elétrica apresentou alta perto de 21% no ano passado, o dobro da inflação oficial. É importante adotar práticas de economia nos canteiros de obras e escritórios, além da busca por maior eficiência energética nos equipamentos empregados na construção.
Sobre esse assunto, veja a postagem que fizemos no ano passado – clique aqui.